MELÔ DO CAMELÔ
- AH Sizinha que saudade de ti mulé
- Cada fria que eu entro
Cresci ouvindo a sanfona do Gonzaga
Passei fome, passei sede, só que aprendi cantar
Fiquei sabendo que na terra do dinheiro
O forró estava na moda
Vim tentar me arricar
De lá saindo me dispidi da Sizinha
Minha doce namorada que eu prometi buscar
Aqui chegando todo cheio de esperança
Fui procura algum cabra pra podê me encaminha
Pra minha surpresa era só filho de bacana
Que podia entrar na grana, imitando nóix de lá
Eu vou viver de que? Que? Queijo?
Levanta o rabo do jumento e dá um beijo
Eu pensava que jabá aqui era pra comer
Falam de amor, falam de dor de cotovelo
Falam muito de sertão mas nunca estiveram lá
Queria ver um cabra da peste desse
Passar nosso sofrimento sem o direito de chorar
Nunca provei esse tal de Caviar
Já comi muita farinha e muita carne de Preá
Não imaginava que eu ia passar por isso
Mas pedi pro Padim Ciço e ele vai me iluminar
Eu já entrei em cada fria da bixiga
Só que dá dor de barriga vendo esses cabra cantar
Refrão
Eu não consigo agüentar esse repuxo
Ver forrózeiro de luxo ocupando meu lugar
Sou forrózeiro mas eu não tenho dinheiro
Mas eu tenho aqui uma ficha
E pra Sizinha eu vou ligar
Sizinha venda meu carrinho de sorvete
Mande o dinheiro prá cá , prá ter como eu voltar
Aqui em Sum Paulo eu to sendo explorado
To vendendo bagulhada no viaduto do Chá
Senão, senão, eu vou viver do que? Quê? Queijo?
- Olha o preço do jabá ? Ah, Ah, Ah, Ah.
- Olha o ronco do omelê ? Eh, Eh, Eh, Eh.